Depois de um longo intervalo desde o lançamento do modelo original, o Volkswagen Voyage finalmente voltou ao mercado brasileiro.
O lançamento foi em 2008, já como ano/modelo 2009, aproveitando a chegada da quinta geração do VW Gol, que se renovou completamente para enfrentar a concorrência atualizada.
Da mesma forma, o então novo Voyage nasceu para reposicionar a marca no aquecido segmento dos sedans compactos e tentar compensar os 13 anos de ausência do modelo no Brasil.
Neste artigo, vamos conhecer os principais detalhes desse modelo e analisar seus principais pontos fortes e fracos.
Assim como o modelo original de décadas atrás, o desenho do novo Voyage veio totalmente do Gol do mesmo ano/modelo, se alinhando com o hatch desde o lançamento até as reestilizações que vieram com o passar do tempo.
Começando pela dianteira, os faróis podiam ser por refletor único ou duplo e, dependendo da versão, recebiam máscara negra ou cromada.
O para-choque traz a maior parte na cor do veículo, independentemente da versão, e pode abrigar faróis de neblina redondos com molduras cromadas nas extremidades.
De lado, o Voyage traz o típico perfil de sedan com três volumes bem demarcados, mas mostra economia com as mesmas portas do hatch – tanto traseiras quanto dianteiras.
Atrás, as lanternas trapezoidais não invadem o porta-malas, que tem uma tampa com um discreto aerofólio integrado ao conjunto e fica recuada em relação ao para-choque que abriga a placa de identificação.
Ele veio com faróis maiores e linhas mais retilíneas, com elementos de cantos quadrados, além de uma traseira com lanternas horizontais que passaram a invadir o porta-malas.
Cinco anos depois, na linha 2017, mais uma reestilização veio com faróis mais simples e um para-choque dianteiro mais robusto, com grandes porções em preto fosco.
Por fim, um último facelift chegou alguns anos depois, com o mesmo design dianteiro da picape Saveiro, que tem faróis maiores conectados por uma grade mais alta e para-choques com detalhes trapezoidais.
Não compre um Volkswagen Voyage usado antes de consultar o histórico!
Veículos usados podem ter muitos problemas que desvalorizam o valor de mercado e impedem/dificultam a transferência para o seu nome. Por isso, o ideal é fazer a consulta completa do histórico do veículo antes de negociar.
O Volkswagen Voyage é montado sobre a mesma base PQ24 que equipa o Gol G5, compartilhada com os irmãos Fox e Polo do mesmo ano/modelo e composta por alguns elementos da PQ25 europeia.
Com isso, houve a troca do motor longitudinal para transversal, o que possibilitou uma dianteira mais curta e uma cabine mais espaçosa.
Ainda assim, o sedan manteve características como a suspensão traseira por eixo de torção e os freios a disco na dianteira com tambores na traseira em todas as versões.
Falando de motores, o Voyage chegou com propulsores da família EA111 (mais conhecida pela sigla VHT): um 1.0 de até 76 cv e 10,6 kgfm e um 1.6 de até 104 cv e 15,6 kgfm.
Ambos são blocos aspirados de quatro cilindros em linha, total flex e trabalham com transmissão manual de cinco velocidades.
Apenas o 1.6 ganhou a opção de uma transmissão automatizada de cinco marchas e embreagem única, denominada i-Motion.
Esse motor gera até 84 cv e 10,4 kgfm. O 1.6 VHT foi mantido, mas apenas com a transmissão manual, já que a automatizada estava saindo de cena.
O motivo era a chegada da transmissão automática convencional de seis velocidades que também trouxe um novo motor: o 1.6 da família MSI, capaz de entregar até 120 cv e 16,8 kgfm e que só pode ser encontrado junto da caixa manual.
Em resumo: nos últimos anos/modelo do Voyage, há duas opções de configuração com motor 1.6, sendo que a de câmbio manual traz o antigo bloco 1.6 da família EA111, enquanto a de câmbio automático conta com o novo 1.6 da família EA211.
Atualmente, com a vigência das normas Proconve L7, apenas o 1.0 MPI com câmbio manual é oferecido.
Internamente, a cabine do Voyage é a mesma do Gol G5 em todos os aspectos.
O cluster de instrumentos traz um layout tradicional com quatro mostradores: dois grandes nas extremidades (velocímetro e conta-giros) e dois menores ao centro (combustível e temperatura) localizados logo acima da tela do computador de bordo multifuncional.
O volante pode trazer comandos do sistema de som e as folhas de porta trazem porções em tecido, além de integrar os comandos de acionamento dos vidros e retrovisores elétricos.
A cabine só recebeu mudanças maiores em 2017, trazendo um novo painel com grandes saídas de ar horizontais e a possibilidade de apliques decorativos percorrendo toda a extensão da peça principal, na horizontal.
Apesar disso, os painéis das portas e o cluster de instrumentos seguiram sem alterações significativas.
Assim como o Gol G5, o então novo Voyage ficou marcado por oferecer um tipo de transmissão diferente do manual.
Inicialmente, veio a caixa automatizada de embreagem única chamada i-Motion, desenvolvida pela Magneti Marelli, que é muito semelhante a uma transmissão manual tradicional em sua construção interna.
Depois veio a caixa automática convencional fabricada pela Aisin, também utilizada pelos carros mais caros da montadora.
No mais, o Voyage podia ser equipado com airbag duplo e ABS, itens ainda raros entre os populares, já que naquela época não eram obrigatórios.
As versões de entrada mantinham uma lista básica de recursos, enquanto as mais caras agregavam:
A combinação do motor 1.6 MSI + a transmissão automática de seis velocidades é, literalmente, digna de carro mais caro – é a mesma presente nos irmãos Polo e Virtus.
Com essa dupla de motor e transmissão, o Voyage oferece desempenho e consumo de combustível altamente satisfatórios para um carro dessa categoria e preço.
Assim que retornou, o mercado brasileiro mostrou o quanto sentia falta do sedan compacto derivado do Gol e não demorou para fazer do Voyage um sucesso de vendas.
Até hoje, o modelo é bastante comercial e é muito fácil de ser negociado.
Não é sempre que um hatch harmonioso resulta em um sedan igualmente bonito, mas a Volkswagen acertou a mão na concepção da nova geração do Voyage e só melhorou a cada reestilização.
Assim como no Gol, os Voyage equipados com motor 1.0 VHT apresentam consumo elevado e desempenho sofrível, além de terem sofrido problemas nos primeiros anos/modelo por conta de erros de engenharia. Evite-os.
Além das questões de ergonomia apontadas por nós no texto sobre o Gol G5, o Voyage não entrega o espaço interno extra que os clientes de um sedan esperam, pois o entre-eixos de apenas 2,46m é o mesmo do hatch.
Tudo o que a transmissão automática do motor MSI tem de bom, a caixa automatizada do motor VHT tem de ruim.
O funcionamento irregular aliado a manutenção caríssima e o desempenho insatisfatório fazem desse câmbio uma opção a ser desconsiderada.
1 – A Volkswagen chegou a cogitar a produção de um Voyage de segunda geração baseado no Gol G2, o famoso “bolinha”, mas o projeto não foi adiante.
Esse fato se tornou publicamente conhecido há poucos dias, através do perfil de um ex-designer da montadora no Instagram.
2 – Enquanto o Voyage original foi muito mais popular com carroceria de duas portas, o novo foi construído unicamente com carroceria de quatro portas.
Até mesmo o Gol resgatou a construção de duas portas na reestilização popularmente conhecida como G6, mas o Voyage manteve as quatro portas até os dias de hoje.
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