Veja a avaliação de uma semana que nós fizemos com o Nissan Kicks 2022!
O mercado automotivo brasileiro anda tão disputado que qualquer carro com a mínima pretensão de se destacar em vendas precisa, obrigatoriamente, oferecer certos atributos.
Seja um bom pacote tecnológico, um motor poderoso, fartura de espaço interno ou o conjunto dos três, os mais vendidos do Brasil (em suas respectivas categorias) sempre trazem uma ou mais dessas características como ponto forte para tentar conquistar o máximo possível de clientes.
Por outro lado, os que não focam tanto na liderança oferecem conjuntos mais modestos, mas ainda capazes de agradar e dedicados a cativar o cliente habitual daquela respectiva marca e/ou modelo específico.
Nossa avaliação da vez é com um integrante do concorrido segmento dos SUVs compactos, que não é nenhum best-seller, mas que conquistou seu espaço e clientela no Brasil com um bom pacote de itens de série, comportamento comedido, níveis surpreendentes de economia de combustível e um design com personalidade própria:
A unidade cedida é da versão Exclusive, a mais cara da linha (que tem pacote Tech). Ela é tabelada, atualmente, em R$ 143.990, além de trazer a pintura Azul Elétrico por R$ 1.700 (à parte) e o acabamento interno em couro cinza por mais R$ 500.
A primeira reestilização do Kicks trouxe um novo visual para a dianteira e traseira do SUV japonês, que foram os mesmos retoques aplicados nas variantes vendidas no México e Estados Unidos, por exemplo.
Lançado em fevereiro do ano passado, o facelift do Kicks trouxe uma nova dianteira onde a grade central cresceu, chegando até a porção inferior do para-choque, além do acabamento em preto brilhante com frisos cromados, nessa configuração top de linha. O para-choque também foi redesenhado, trazendo mais porções na cor da carroceria e novas molduras para os faróis de neblina renovados.
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Falando em faróis, a versão Exclusive é a única a trazer um conjunto ótico frontal inteiramente em LED. Luzes diurnas e de posição, setas, farol baixo e alto são iluminados por diodos, assim como os novos faróis de neblina, que são por projetores de LED.
Já na traseira, além do novo para-choque, que também traz mais partes na cor da carroceria, se encontram as novas lanternas com luz de posição e freio em LED e uma “régua” vermelha meramente decorativa que as interliga. O interior não sofreu alterações.
O motor é o mesmo 1.6 flex naturalmente aspirado, de quatro cilindros, capaz de gerar até 114 cv e 15,5 kgfm de potência e torque máximos, com qualquer combustível. O câmbio é automático do tipo CVT com simulação de seis marchas no modo Sport, acionado por um botão na própria alavanca. Com ele, o SUV vai de 0 a 100 km/h em 12 segundos e pode atingir uma velocidade máxima de 176 km/h.
Era grande a expectativa de que a Nissan apostasse na motorização turbinada ou híbrida, mas não aconteceu, pelo menos não nesse primeiro momento. Embora alguns reclamem do desempenho do japonês, o fato é que o cliente habitual do Kicks aprecia o conjunto conhecido, principalmente pela economia de combustível.
Nossa média geral foi de 16,8 km/l com gasolina, e de uma a três pessoas a bordo, sendo que conseguimos ótimos 21,1 km/l de pico de economia em determinadas ocasiões, números difíceis de se conseguir em alguns rivais.
A Nissan trouxe boas novidades a todas as versões, mas é a top de linha que traz as “cerejas” do bolo e se destaca pela boa lista de itens de série.
Entre muitos outros.
A lista é boa, mas escorrega em faltas básicas como as saídas traseiras de ar-condicionado, luzes traseiras de cortesia ou portas USB dedicadas aos passageiros de trás.
Isso significa que você não deve esperar acelerações vigorosas, muito menos um desempenho de tirar o fôlego.
O Kicks nasceu como um bom e tradicional japonês de condução pacata, sem sustos, e assim continua sendo. O motor 1.6 mal pode ser ouvido na condução normal, somente nas aceleradas que precedem as ultrapassagens ou com o modo Sport do câmbio ativado.
Por falar em câmbio, a caixa CVT “Xtronic” manteve o bom comportamento de sempre: não é esperto como os da Honda e Toyota, mas cumpre seu papel e garante uma condução bastante confortável, além de econômica.
O conta-giros dificilmente passa dos 2.000 rpm mesmo quando se viaja a 110 km/h, o que contribui para o silêncio a bordo e o ótimo nível de economia de combustível.
Sentimos falta de paddle-shifters no volante para o uso das marchas simuladas, o que seria um recurso interessante para contornar a apatia do bloco aspirado em rotações mais baixas.
Enquanto o modelo pré-facelift trazia projetores de LED apenas para luz baixa, os novos faróis trazem refletores iluminados por diodos para luz baixa e alta, iluminando a pista com eficiência e deixando o visual do SUV mais sofisticado. O que não agradou foi o feixe de luz alta, estreito demais e sem fazer tanta diferença em estradas sem iluminação pública.
Em contrapartida, os novos faróis de neblina por projetor de LED são ótimos e atuam tão bem quanto o assistente de farol alto automático, capaz de detectar os veículos à frente e desligar o facho alto imediatamente, funcionando com mais rapidez do que a maioria dos sistemas presentes em outros carros.
A nova assinatura luminosa da traseira também deixou o visual mais interessante, mas a Nissan podia ter feito como na dianteira e adotado peças inteiramente em LED. As luzes de seta e ré ainda são por lâmpada convencional.
Chamado de Bose Personal Space, é exclusividade do Kicks na categoria e traz seis alto-falantes espalhados pelo interior e dois dedicados ao motorista, instalados nas laterais do encosto de cabeça.
Esse é um item indispensável para quem faz questão de ouvir suas músicas no carro, pois garante uma qualidade sonora acima da média e uma experiência de áudio que nenhum rival consegue entregar. Caso você não queira utilizá-los, basta regular a distribuição de som do sistema através da central multimídia.
Embora o software opere com fluidez e sem falhas, a interface é excessivamente simples e não combina com a proposta de modernidade do Kicks: não há GPS nativo ou espelhamento para smartphones sem fio e até a simples operação de deixar a tela desligada quando não estiver em uso exige uma navegação desnecessária por menus e submenus. Acaba destoando também do painel de instrumentos e sua tela de 7 polegadas que é bastante funcional e intuitiva.
Com dirigibilidade mais para compacto do que para SUV, o japonês promete uma vida bastante tranquila e confortável, temperada com alguns dos “mimos” que os tempos atuais pedem aos carros dessa faixa de preço.
O espaço interno não é dos melhores, mas o porta-malas de 432 litros equilibra a disputa com os rivais e faz dele o carro ideal para, no máximo, casais com filhos adolescentes que precisam levar bagagens com frequência. Se espaço interno for sua prioridade, você deve olhar para alguns dos concorrentes diretos.
Muitos condenaram a permanência do motor naturalmente aspirado, mas todo esse “hate” é exagerado. Evidentemente, ele não entrega o desempenho dos 1.0 ou 1.3 turbinados presentes nos rivais, mas é importante lembrar que o Kicks é um dos mais leves do segmento.
Pesando apenas 1.139 kg nessa versão, o japonês mostra que não precisa de sobrealimentação para agradar e se conduz com decência, além de ser muito econômico, uma grande virtude em tempos de combustíveis tão caros.
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