Veja o teste de uma semana que nós fizemos com o Fiat Pulse Impetus 2022, em parceria com o canal Volta Rápida.
Antes do termo “SUV compacto” ser adotado oficialmente, um outro nome, menos conhecido, foi escolhido para introduzir esse tipo de carroceria ao público: crossover.
Na verdade, a tentativa de emplacar o nome “crossover” se deu por uma forte resistência inicial do público de chamar certos carros tão compactos de SUVs, historicamente conhecidos por modelos grandes e capazes de ir a qualquer lugar.
Todo esse debate havia se encerrado, mas voltou à tona nos últimos tempos, diante de alguns lançamentos que dividiram fortemente o público sobre suas características, que são anunciadas pelas montadoras como SUVs, mas que, na prática, acabaram não convencendo tanto.
Depois do Honda WR-V, Citroën C4 Cactus e do Volkswagen Nivus, o último lançamento dessa leva de “SUVs miúdos” foi o Fiat Pulse, apresentado oficialmente em outubro do ano passado, para competir no segundo escalão dos SUVs compactos – os que são menores e mais baratos.
O Pulse é um produto inédito na gama da Fiat e, além disso, é o primeiro SUV compacto da montadora no Brasil – desenvolvido, produzido e lançado aqui.
É um carro muito importante para a marca e, justamente por isso, foi o escolhido para estrear uma aguardadíssima dupla mecânica: o novo motor 1.0 turbo e a nova transmissão automática CVT.
O motor veio para substituir o antigo e defasado 1.8 da família E.torQ (que foi o último a se despedir) enquanto o câmbio veio para ficar no lugar do malfadado Dualogic/GSR, automatizado de embreagem única.
A empresa afirma que a base do novo modelo é bem diferente da MP1, sobre a qual o hatch é montado, utilizando 60% de aços de alta resistência e 20% de aços de ultra alta resistência. Mas basta uma rápida olhada para ver as óbvias semelhanças entre o novato e o veterano. Além da proximidade do desenho em si, eles compartilham algumas chapas e vidros para reduzir custos de desenvolvimento.
Voltando a falar do motor, trata-se de um bloco 1.0 flex de três cilindros da família GSE/Firefly, sobrealimentado por turbocompressor, dotado de injeção direta e quatro válvulas por cilindro, capaz de gerar até 130 cv e 20,4 kgfm de potência e torque máximos, quando abastecido com etanol.
São números que fazem dele o 1.0 turbo mais potente do Brasil, superando os 128 cv do 1.0 TSI feito pela Volkswagen, antigo líder, e se igualando em torque – embora o GSE entregue seu pico de torque mais cedo, aos 1.700 rpm, enquanto o TSI entrega a partir dos 2.000 rpm.
Fornecida pela japonesa Aisin, a caixa que equipa o Pulse (e que já chegou ao novo Strada) é uma evolução da transmissão que a Toyota utiliza no Yaris e, assim como no compacto japonês, oferece a opção do sistema de 7 marchas simuladas, que podem ser trocadas pelos paddle-shifters atrás do volante ou na própria alavanca.
Há também o conjunto de assistências avançadas de direção que contempla farol alto automático, assistente de frenagem autônoma de emergência e assistente de permanência em faixa com correção de direção.
Não são poucos os que se espantam ao vê-lo pessoalmente e dizem que parece maior nas fotos e vídeos veiculados nas mídias.
Boa parte dessas impressões se deve a algumas características cuidadosamente pensadas pela Fiat como os muitos recortes na carroceria, a sensação de “elevação” dos elementos estéticos externos e as grandes molduras plásticas nos para-lamas ao redor das rodas.
É uma receita parecida com a adotada pela nova geração da picape Strada e que teve o mesmo efeito.
Comprimento: 4,09 m (Pulse) X 3,99 m (Argo)
Largura: 1,77 m (Pulse) X 1,72 m (Argo)
Altura: 1,57 m (Pulse) X 1,50 m (Argo)
Entre-eixos: 2,52 m (Pulse) X 2,53 m (Argo)
Vão livre do solo: 19,6 cm (Pulse) X 15,7 cm (Argo)
Apesar da pouquíssima diferença, visto de dentro, o Pulse consegue passar mais sensação de SUV do que alguns de seus principais rivais.
Graças a truques como a posição elevada de dirigir (mesmo com o assento do motorista na regulagem mais baixa) e a base do capô ligeiramente acima da base do para-brisa, é possível ter a impressão de mais altura do solo.
Outra forte qualidade do SUV compacto italiano é a ergonomia para os ocupantes da frente.
Graças aos assentos altos e de boa densidade, tanto motorista quanto passageiro conseguem se acomodar com conforto e espaço suficiente para as pernas, podendo viajar por horas sem cansar e com encostos de cabeça mais projetados para frente, para permitir o repouso apropriado da cabeça.
Em contrapartida, o espaço na segunda fileira é bem limitado e não serve para adultos mais altos, principalmente na região das pernas que não terão dificuldade em raspar nos bancos dianteiros. Passeios curtos podem ser feitos sem grandes problemas, mas viagens mais longas serão desconfortáveis.
O novo motor 1.0 turbo demorou bastante para chegar, mas não decepcionou: além dos bons números, as entregas de potência e torque são bem balanceadas e fazem com que o italiano se movimente com muita esperteza o tempo inteiro, seja em trechos urbanos ou rodoviários, e sem consumir muito combustível.
A nossa média geral com gasolina no tanque, uso de ar-condicionado em 80% do tempo e de uma a três pessoas a bordo foi de 13,7 km/l. Poderia ser ainda melhor se o Pulse fosse mais leve – os 1.237 kg da versão não são ruins, mas um carro tão pequeno deveria pesar menos.
Começando pelo primeiro, o câmbio apresentou um comportamento de fazer inveja a outros CVT do mercado, reagindo com rapidez e sem deixar aquela sensação incômoda de “faltar motor” como acontece na grande maioria dos carros equipados com esse tipo de caixa, famosa por segurar o giro do motor sem necessidade.
Para ser perfeito, poderia ter reações mais comedidas, pois eleva demais o giro ao menor toque no pedal do acelerador mesmo sem estar no modo Sport.
Já o sistema de suspensão, apesar de não trazer nenhuma grande novidade, se mostrou mais do que eficiente na absorção dos defeitos da pista.
O carro não deu batidas secas ou fim de curso do amortecedor em nenhum momento, pois o conjunto foi calibrado pensando puramente no conforto.
Em contrapartida, isso deixa o Pulse menos à vontade em uma condução mais ousada por trechos mais desafiadores, causando uma rolagem de carroceria maior do que o desejado.
Há faróis Full LED e eles são muito bons, mas não trazem qualquer dispositivo de ajuste elétrico de altura. Com o carro cheio, a traseira tende a abaixar e, desse modo, o facho de luz baixa simplesmente passa a incomodar todos os motoristas à frente.
Já o carregador de smartphones por indução não quis funcionar em momento algum, independentemente de como ou qual aparelho fosse colocado nele.
Para compensar, o painel de instrumentos é o mesmo do Toro facelift, repleto de recursos e muito funcional, elogios que também cabem à central multimídia enorme destacada no topo do console central.
Apesar da base ser a mesma da central vertical disponível para o Toro, o sistema de mostrou bem mais estável no Pulse e funcionou corretamente o tempo inteiro, sem travamentos ou bugs.
O que incomoda no novato é a clara falta de atenção a alguns detalhes (inclusive de acabamento interno), algumas ausências muito elementares de equipamentos e o espaço interno para quem pensa no carro como meio de transporte principal da família.
O conjunto mecânico ficou excelente e o pacote tecnológico é muito bom, mas seria melhor se determinados detalhes destacados recebessem mais atenção.
Ao nosso ver, o Pulse é a compra mais indicada para quem quer se sentir em um SUV e não precisa levar mais gente com frequência, além de fazer questão de um carro que seja bom de andar sem consumir combustível na mesma proporção.
2022 Fiat Pulse Impetus; Detalhes e Avaliação Onboard
Volkswagen Nivus
Chevrolet Tracker